Foi na raça, mas foi. Numa das mais difíceis negociações dos últimos anos, a Intersindical conseguiu garantir uma proposta mais equilibrada da Neoenergia. Foram dois dias de intensos debates e ensaios de propostas das duas bancadas. Na sexta, 07, apesar da calorosa discussão, que perdurou até o fim da noite, não houve acordo na proposta sugerida pelo grupo. No sábado, 08, as bancadas voltaram à mesa e evoluíram nas propostas, conseguindo acordar em mesa os números e termos da pauta unificada.
No geral, a proposta recompõe as perdas salariais do período, trás avanços no ticket refeição, com a inclusão de mais um ticket no talionário mensal, passando de 22 para 23, para o setor administrativo e de 23 para 24, para os trabalhadores da Operação, já que este trabalham em escala diferenciada.
Na prática, o avanço representa mais meio talionário ao ano, com ganho real em torno de 4,5%. “Em números, estamos falando de um uma recomposição duas vezes maior que a inflação para um item (alimentação) que tem apresentado variações abaixo do índice geral. Ou seja, trata-se de uma grande conquista”, ressalta, Jackeline Natal, técnica do Dieese, em Pernambuco.
No abono, a bancada garantiu o valor de R$ 1.900,00, para ser pago após o fechamento do ACT, acrescido do chamado “Gifit Card”, que é um cartão pré pago para ser utilizado em qualquer estabelecimento onde seja aceito cartão de crédito. O cartão terá um limite de R$ 200,00 (de uma única vez), que, por questões operacionais, terá seu credito disponibilizado em até 120 dias, após o fechamento do ACT.
“Inauguramos um item que, na prática, representa dinheiro novo no bolso do trabalhador”, destaca o coordenador da Intersindical, José Fernandes.
Sobre o reajuste, a empresa se manteve irredudível quanto a aplicação do ganho real. Tendo, por outro lado, a Intersindical buscado uma alternativa para assegurar ganhos economicos indiretos, a exemplo do ticket e do “Gifit Card”. Mesmo diante da grande resistência em reajustar o Piso Salarial, a Intersindical insistiu até assegurar a aplicação do INPC sobre este item, o que beneficia uma grande parcela dos novos trabalhadores do grupo.
NÉOS FORA DO ACT – Uma das grandes preocupações da bancada sindical era afastar a tentativa da Neoenergia em inserir na redação dos ACT a nova Fundação NÉOS. Essa possibilidade, desde o início, foi refutada pela Intersindical, mas havia grande interesse dos representantes patronais, que inclusive no ínício das discussões condicionaram diversos itens a inclusão da Néos. No impasse, as bancadas acordaram em realizar uma Carta Compromisso, a ser apresentada pela Neoenergia até terça (11/12), sendo a sua redação analisada pelas assessorias jurídicas (sem validade para fins processuais de ambas as partes), para estudar a estrutura proposta e realizar debates sobre a NÉOS. “Estamos atentos para esta questão, preservando qualquer investida que venha a comprometer as nossas Fundações existentes”, destacou Pompeu Henriques, diretor da Celpos e dirigente do Sindurb.